Conveniências...
I Coríntios 6:12
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”.
I Coríntios 10:23
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas edificam”.
Esses versículos, muito parecidos, foram, no entanto, utilizados pelo Apóstolo Paulo em dois contextos diferentes, embora incluídos em um contexto mais amplo. O primeiro (6:12), se referia aos relacionamentos ilícitos praticados pelos crentes de Corinto. Situações geradas por lascívia, sensualidade e prostituição, de tal forma que já dominava parte da igreja. Daí ele dizer “Não me deixarei dominar”.
O segundo (10:23) já apontava para a idolatria que contaminava o rebanho, onde os supostos crentes de Corinto afirmavam servir a Deus mas também prestavam culto a demônios e ídolos. Daí Paulo falar de coisas que não edificam. Nos dois casos, porém, ele parte do mesmo princípio: coisas que não me convém.
Para que possamos entender melhor do que se trata, precisamos inicialmente compreender a natureza do termo “convém”. O que me convém é o que me é conveniente. E alguns dos significados de conveniente são: apropriado (que é adequado para mim); oportuno (que chegou em boa hora); e favorável (que me será útil). A KJV confirma todas elas.
Para que eu tenha uma vida abençoada, ou seja, para que eu tenha certeza da presença de Deus junto a mim, e, com isso, encontre a paz e o descanso para meu espírito, é necessário que eu passe a buscar aquilo que me é conveniente como servo de Deus. Ou seja, o que é apropriado pra mim. Caso contrário, segundo mostram as duas passagens, eu vou correr dois graves riscos:
- Me deixar dominar por aquilo que não me é apropriado, e assim destruir a minha vida e a das pessoas que me cercam.
- Viver uma vida em que nada consegue prosperar, porque optei por coisas que não edificam, mas somente destroem.
Logo, a chave está em identificar o que convém ou não. Ou seja, o que é apropriado para mim, como ovelha de Yeshua, como alguém que tem o seu nome escrito no Livro da Vida, como candidato a morador da Jerusalém celestial. E para que alguma coisa seja conveniente para mim, ela tem que passar por três testes, que chamaremos de “teste de conveniência”.
- Tem que ser conveniente para Deus.
Se todas as vezes que fossemos tomar uma decisão perguntássemos a nós mesmos “Será que Deus aprovaria isso?”, e, conscientes de que a resposta seria um sonoro ‘não’, abandonássemos imediatamente o projeto, o mundo certamente seria um lugar bem diferente do que é. Um lugar bem melhor. Veja o caso de Maria. Jovem e virgem, recebe a proposta de aparecer grávida sem que o filho tenha sido gerado pelo seu marido, José. Parece conveniente para ela? Não. Mas foi para Deus. E é isso que importa. Porque temos que aceitar que, embora muitas vezes estejamos cheios de bons motivos e boas razões para tomarmos certas atitudes, entretanto nenhum deles é melhor opção que a opção que Deus tem para nós.
É o que chamamos de soberania de Deus. O que é apropriado para ele deve ser também apropriado para nós. O que desagrada a ele também deve desagradar a nós. O que o entristece também deve nos entristecer. Do que declara que dele quer distância também devemos nos manter a uma distância segura. Se ele não entraria em determinado lugar, eu também não. Se alguém não quer seu amigo, não posso ser amigo dessa pessoa. Só pode ser conveniente para mim, o que é conveniente para meu Senhor.
- Tem que ser conveniente para minha família.
No projeto de Deus a família foi criada antes da Igreja. Abaixo dele é e deve ser nossa prioridade. Qualquer um que descuida de sua família acaba tendo problemas de ordem espiritual mais cedo ou mais tarde. Pais tem funções bem especificadas na Bíblia, assim como mães e filhos, jovens ou adultos. Anciãos e viúvas. A Bíblia ensina todos a viverem segundo a vontade de Jeová. Quanto a isso fala o texto em I Timóteo 5:8 que diz “Mas, se alguém não cuida dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior que o incrédulo”.
Então aqui os textos deixam tudo muito claro. Além de cuidar de minha família, eu devo me comportar de forma conveniente em relação a eles, ou seja, de modo apropriado, primeiramente como filho, depois, se possível, como irmão, como pai e mãe, cumprindo minha missão de forma agradável a Deus. Caso contrário, incorro no erro de Absalão, que não se portou de forma conveniente em relação ao seu pai, Davi, ao contrário, o perseguiu, envergonhou e desrespeitou, para logo em seguida ser morto por um soldado ao ficar preso pelo pescoço em uma árvore.
Posicionamento contrário, no entanto, teve Rute, que já fazendo parte de uma família de hebreus, levando o nome de seu marido, se portou como convinha a uma nora, e não se apartou de sua família, ainda que naquele momento sua família fosse só sua sogra, o que a levou a sair de sua terra e vir para Israel servir ao Deus de Noemi. Se portou de forma conveniente. E foi abençoada.
Como o modo como me comporto entristece os meus pais? Minha esposa muda de semblante quando perguntam por mim? Meus filhos se envergonham dos meus atos? Será que se eles me imitassem eu ficaria feliz?
- Tem que ser conveniente para minha igreja
A igreja é a segunda família. Em Gálatas 6:10 está escrito “Então, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (ARA). Algumas versões usam o termo ‘domésticos na fé’. A KJV usa o termo “household”, que indica um grupo de pessoas conviventes. Ou seja, os irmãos em Cristo. E aqui também devemos ter muito cuidado, porque existem coisas que não são convenientes a uma igreja. Como não são a Deus. Como não são a família. O que são essas coisas? As principais são:
- Romanos 16:17 (Escândalos e dissensões)
- Romanos 2:17-24 (mau testemunho)
- Tiago 3:10 (linguagem dobre)
E a única forma que isso pode acontecer em minha vida é quando entrego meus caminhos nas mãos de Jesus. Sem ele eu nunca terei condições de discernir o que me convém ou não, pois as respostas só podem ser encontradas em suas palavras. O que é apropriado para mim deve ser apropriado primeiramente para ele.
Neto Curvina