Lidando com desavenças
Estudo do dia 12/04/2012
I Coríntios 11:19
“E até importa que haja entre vós diferenças (facções/heresias) para os que (tem a aprovação de Deus) são sinceros se manifestem entre vós”
Atos 15:36-41 (mais especificamente os versículos 39-40)
“E tal contenda (desavença) houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para o Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça do Senhor”.
É normal que onde existam muitas cabeças existam muitas formas de se ver as coisas. São as inúmeras visões que encontramos em um aprisco. Por isso Deus instituiu líderes. Por isso Deus organizou a igreja como um corpo, onde cada um tem uma função específica, inclusive o apêndice. O crente apêndice não tem aparentemente nenhuma função prática no corpo, até que se inflame e provoque grandes dores. Até ser operado e retirado. Observando as Escrituras, vemos que contendas, divergências de opinião e bate-bocas eram comuns entre os apóstolos, homens normalmente tidos por grande parte da humanidade como semi-deuses que jamais se rebaixariam ao nosso nível. Ledo engano. Eram exatamente iguais a nós. Diante de Deus os eleitos são iguais.
Prevendo essa situação, Jeová nos providenciou todas as ferramentas necessárias para lidarmos com esse tipo de situação.
- Litígio causado pela prática do pecado.
Gálatas 6:1 (O Espírito de mansidão). Paulo diz “vós, que sois espirituais...”, e por quê? Porque só os espirituais são mansos. Mansidão é um dos frutos do Espírito (Gálatas 5:23). A Bíblia já mostrava isso em Provérbios 15:1 “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”.
E diz também “e olha por ti mesmo...”, numa relação direta com I Coríntios 10:12 “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuida para que não caia”.
Ao mesmo tempo em que sou manso ao chamar a atenção meu irmão por causa do seu pecado, devo prestar atenção se não estou incorrendo no mesmo erro. Mais, o exortar meu irmão deve ser para mim um alerta, para que eu não venha a cair como ele caiu. Aqui entra a mente de Cristo, o poder de discernir as situações e observar o processo da queda, para que não seja envolvido pelo pecado.
Mas algo deve ser ressaltado. Mansidão é uma palavra muitas vezes confundida com outras duas, que são: omissão e negligência. Omissão para com Deus resulta em pecado. É o que muitos salvos têm feito em nome do ‘não atirar a primeira pedra’ e do ‘não julgar para não ser julgado’, esquecendo Efésios 5:11, bem como todos os profetas. Basta ver os casos de Adão e Eli, o sacerdote.
Um caso clássico de como se tratar essa situação é a mansidão de Natã diante de Davi.
Mansamente o homem de Deus arrebentou o espiritual do Rei de Israel.
- Litígios específicos entre irmãos.
Diferente do caso anterior, onde alguém é confrontado por sua prática pecaminosa, neste caso temos irmãos contendendo um contra o outro. Os motivos são inúmeros e impossível de serem listados. Como vimos a início, isso acontecia até entre os apóstolos. Como Jesus tratava essas questões?
Mateus 18:15-17, a ordem correta.
Se essa ordem fosse seguida pelos crentes, os pastores teriam menos cabelos brancos. Muitos até agem com o coração sincero, entendendo que, levando o caso imediatamente ao ministro, estão procedendo corretamente. Mas nenhum ministro está acima da Palavra de Deus, logo, ela deve ser mantida. E é assim que será em qualquer igreja que se diz cristã. Afinal, Deus sabe o que faz.
I Coríntios 6:1-6. Ímpios ficam fora.
Um dos erros mais infantis e ignorantes entre os eleitos é trazer ímpios para mediarem seus problemas. Ora, se com o Espírito e a direção da Palavra de Deus, muitas vezes não se chega a um consenso (Lembram de Paulo e Barnabé?), imagine as trevas mediando um conflito no meio da luz. Seria a mesma coisa de chamar um demônio para opinar num debate entre dois anjos. Imagine. Miguel e Gabriel tendo um pequeno entrevero e, para resolver o problema, chamam Belial para opinar. Loucura, não? Mas muitos crentes agem exatamente dessa forma, para tristeza do Espírito.
- Não confunda litígio pessoal com rebelião.
Esse erro foi cometido por Arão e Mirian, como podemos ver em Números 12. Aparentemente indignados porque Moisés havia tomado uma negra como esposa, seus irmãos levaram isso para outro lado e passaram a contestar sua autoridade espiritual. As conseqüências não foram agradáveis. Em Romanos 13:1 vemos claramente que as autoridades são constituídas conforme o plano de Deus. Isso acontece assim desde antiguidade, quando Deus colocou Imperadores pagãos no caminho dos hebreus para puni-los, como foram os faraós, Nabucodonosor e os demais reis persas. Veja como o Senhor se refere a Ciro, um rei persa pagão, em Isaías 44. Ele o chama de ‘meu pastor’.
A congregação dos santos foi corrompida em todos os seus pilares (Atos 2:42)? O que vou ficar fazendo em um lugar assim? Veja a ordem dada em Apocalipse 17:45 sobre estar em um lugar corrompido pelo pecado. É inacreditável o apego que os crentes têm por denominações. Talvez seja nisso que mais se pareçam com os católicos, com aquele discursos “nasci assim, vou morrer assim...”. Vai mesmo. O povo de Deus tem uma facilidade incrível em inverter valores. Eles preferem se rebelar e se amotinar contra seus líderes a simplesmente virarem às costas ao pecado e irem embora, enquanto a Bíblia ensina exatamente o contrário.
Mas seja sincero. Não confunda, repito, desavença pessoal com insatisfação ministerial. Se alguém deixa uma igreja por alega que não a deixam pregar o evangelho, então que, uma vez fora dela, passe a pregar, sob pena de ser chamada de hipócrita. Às vezes são pessoas que sequer comunicaram ao ministro o desejo de pregar, imaginado que ele adivinhará o que se passa em sua cabeça. Aqui entra a questão da medida certa.
Neto Curvina