Elementos que aos poucos estão sendo retirados da instituição chamada Igreja.
A confissão pública.
O confessar a Cristo está se tornando obsoleto nos dias atuais. As pessoas estão sendo agregadas às igrejas por uma espécie de usucapião espiritual. Ou seja, entram, vão ficando e com o passar do tempo se consideram salvas. Mas há uma questão bíblica muito séria atrás de tudo isso que vem sendo desconsiderada: a confissão pública. Disse Jesus:
“Digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus” (Lucas 12:8-9).
A confissão pública, a profissão de fé, tem sido vista pelos pregadores atuais como um entrave ao aumento do rebanho. Elas a veem como algo inibidor, constrangedor e, desta forma, a tornam dispensável e desnecessária. Ignorância ou má-fé. A confissão pública faz parte do, digamos pacote. Trata-se do primeiro testemunho de fé, o passo inicial em direção à salvação. Ressalte-se que a simples confissão não dá direito ao céu. Como bem observa Paulo:
“Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Romanos 10:9).
Logo, o apóstolo reforça a questão da confirmação externa da fé, mas deixa claro por si só que a confissão deve vir embasada em uma fé sincera, caracterizada objetivamente pelo arrependimento.
Desta forma concluímos que os pregadores devem conduzir seus sermões de modo a levarem as pessoas a confessarem a Cristo como seu Senhor e Salvador. Essa é a essência da pregação. Fazer a obra redentora de Cristo, o Evangelho, conhecida. Uma vez a mensagem seja autenticamente evangelística, os eleitos que ali estiverem serão tocados pelo Espírito Santo, que os convencerá da verdade que estão ouvindo. E, finalmente, ressalte-se que Deus requer a confissão pública, mas não define o número de pessoas que devam ser testemunhas, como bem notamos no caso do eunuco (Atos 8:37) e também do carcereiro (Atos 16:30-33).
A noção de corpo e família.
As igrejas são hoje, com todo o respeito, em sua grande maioria, um amontoado de pessoas. A noção de comunhão foi diluída. E com isso alguns preceitos bíblicos se tornaram praticamente impossíveis de serem cumpridos (Gálatas 6:2; 6:10; João 13:14) bem como cada vez mais afastam a igreja de suas características essenciais (Atos 2:41 e 47). Como o alvo das lideranças é a multiplicação e, observe, Deus mandou pregar o Evangelho e fazer discípulos. Não há uma orientação expressa nas Escrituras para que se multiplique o rebanho e se preste contas desse número em relatórios. É dever dos que pregam expor que a igreja é um corpo, e, como tal, as partes interdependentes, ainda que do ponto de vista espiritual. E que as pessoas precisam entender que devem viver dessa forma, não porque é bom, mas porque é orientação de Deus e assim somos considerados (Efésios 2:19).
Prazer em ter somente a Palavra como elemento de avivamento.
Em Neemias 8:1-6 a narrativa deixa claro: pregaram a Palavra por seis horas seguidas. Isso mesmo. Das seis da manhã ao meio-dia. Nada de oração. Nada de louvor. Só a Palavra. Depois essas coisas vieram e aconteceram. Redundante se torna dizer que isso não acontece mais e, quando os pregadores atuais se aventuram pelas páginas da Escritura é para pinçar algum termo que possa ser distorcido com o intuito de lhes angariar gordas ofertas. O que eles não sabem – até porque não leem – é na Bíblia há uns textos meio tenebrosos para quem ignora a Palavra de Deus como ela é, basta ver em Isaías 5:24, Ezequiel 12:2 e Zacarias 7:11. Isso sem citar as passagens clássicas em Isaías 5:13 e Amós 4:6 que definem de forma categórica o que tem ocorrido nas igrejas de hoje.
A verdade é que o principal termômetro espiritual de uma igreja não pode ser a roupa de seus membros, o luxo de suas instalações, a influência que ela exerce na sociedade ou o número de seus membros. A observação a esses requisitos como sinal de poder espiritual foi uma armadilha semeada pelo maligno. O verdadeiro sinal da unção de um rebanho ou da autoridade de uma liderança está no nível de relacionamento e na importância que eles dão às Sagradas Escrituras, o lugar que ela ocupa em suas respectivas vidas.
Neto Curvina