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Quando Paulo Murmurou

Quando Paulo murmurou. O lado humano do apóstolo.                                                                                                                         

Uma das maiores provas de que somos pequenos é o fato de que murmuramos. As murmurações quase sempre nos dão a medida da nossa fé. Ainda que a Bíblia oriente a evitar esse comportamento (Filipenses 2:14), não conseguimos, pois faz parte da natureza do homem reclamar. A murmuração, no entanto, nem sempre é um fato isolado. Às vezes somos levados pelas circunstâncias a sair do controle, como bem está escrito em Provérbios 7:7 “A opressão torna um sábio louco”, e o leva a murmurar, como algumas vezes aconteceu com Moisés.

Com Paulo não foi diferente. Suas murmurações mais claras estão exatamente nas cartas que ele enviou para a igreja mais problemática, que ficava em Corinto. O comportamento daquele rebanho foi de tal modo perturbador que fez com que um homem sábio e ungido por Deus reclamasse, e muito. E a natureza das reclamações de Paulo falam muito sobre ele e nós, porque muitas vezes são as nossas próprias queixas. Ou seja, no fundo os homens reclamam de modo geral pelos mesmos motivos.

 

1ª Reclamação: I Coríntios 9:5. A vida pessoal.

 

Paulo não era casado. A Bíblia não explicita de forma clara o motivo. Há passagens Bíblicas em que ele parece aceitar a situação. Mas em outras, como nesta, ele parece reclamar. E, se observarmos, as palavras do apóstolo vêm carregadas de um sentimento que só trás infelicidade: a comparação. “Se Pedro tem uma esposa, porque eu não posso ter uma”? – questiona. Pessoas que agem dessa forma estão fadadas à infelicidade por dois motivos bem simples. Primeiro, que sempre encontrarão alguém que tenha algo que ela não tenha. Segundo, porque são cegas e não conseguem ver como Deus abençoa suas vidas.

Quantas igrejas Pedro fundou que existem até hoje? Quantas vezes Pedro foi arrebatado até o terceiro céu? Qual dos dois mais influenciou a igreja depois da volta do Senhor aos céus? Quem foi o maior legislador da Bíblia depois de Moisés? Quem foi o maior missionário de todos os tempos?

Não há sequer um teólogo cristão responsável que coloque em dúvida o fato de que Paulo foi o homem mais importante da história do cristianismo depois de Jesus. Mas, ao se comparar com seu colega de ministério apostólico, descobriu que este possuía algo que ele não tinha, e isso gerou uma murmuração. Neste momento, Paulo foi infeliz. Não percebeu que, para torna-lo aquilo que ele se tornou nas mãos de Deus, algo deveria ser sacrificado em sua vida pessoal.

 

2ª Reclamação: I Coríntios 9:6.  A vida financeira.

 

Depois de comparar sua vida pessoal, ele resolve comparar sua vida financeira. Tudo indica que alguns obreiros estavam sendo sustentados por suas igrejas, enquanto que Paulo tinha que fabricar tendas com Barnabé para não passar fome. Ele questiona outra vez. E erra outra vez. Só quem teve a vida que Paulo teve poderia dizer palavras como “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13) e “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28). Quem mais teria autoridade do que ele, que vivia às suas próprias custas, para pregar e exortar sobre dízimos e ofertas?

Aqui mais uma vez Paulo não percebe – ou finge não ver – que as circunstâncias de sua vida têm a ver com o plano de Deus para ele. Que o projeto de Deus sempre se impõe, e que quando tentamos lutar contra ele as coisas sempre terminam mal.

 

3ª Reclamação: II Coríntios 12:7-8. A vida espiritual.

 

Mais uma vez Paulo questiona Deus. Desta vez acerca do que ele denominou espinho na carne. Um sinal visível de algo que o machucava ou incomodava (o que faz um espinho), mas desta vez, quando o faz, já é sabendo que a causa (12:7, início). E é quando mostra seu lado mais humano e, ao mesmo tempo, espiritual. Humano ao sentir a dor provocada pelo espinho e a recusa em carrega-lo. Espiritual ao entender que, se Deus não o tivesse colocado ali, ele poderia se afastar do Senhor. Às vezes reclamamos porque o Senhor não responde nossa oração. Mas será que se ele respondesse a todas elas ainda estaríamos em sua casa, o adorando? Não é assim quando dizemos ‘não’ para nossos filhos? Muitas vezes não os estamos protegendo? Se nós que somos falhos sabemos proteger nossos filhos negando coisas a eles, quanto mais Deus que é onisciente.

 

 

Neto Curvina