(Re) construindo com Neemias.
O nome Neemias quer dizer “Jeová Consola”. O livro que leva o nome desse autor foi escrito por volta de 450 a.C. durante o reinado de Artaxerxes I, que reinou aproximadamente 40 anos, entre os anos de 465 a.C. e 424 d.C. Foi considerado um bom rei pelos historiadores. A narrativa bíblica confirma essa tese.
Artaxerxes era filho de Xerxes I (do filme ‘300 de Esparta’), também conhecido como Assuero, o rei que se casou com a rainha Ester. E este, por sua vez era filho de Dario, o rei que ordenou que Daniel fosse jogado na cova dos leões.
O livro de Neemias fala de reconstrução. Nossa vida é cheia de momentos de reconstrução. A inspiração de Neemias simboliza muitas vezes a vida de um servo de Deus, que volta e meia tem que recomeçar, refazer, reconstruir. Vejamos o que levou o copeiro do rei mais poderoso da terra naqueles dias a se tornar alguém que escreveu seu nome na história.
- A questão inicial tinha a ver com Jerusalém.
- Os muros foram derrubados.
- As portas queimadas.
Jerusalém sempre foi o maior símbolo geográfico do reino de Deus na terra. Sua importância é tão grande que a cidade dos santos leva seu nome, como vemos nos dois últimos capítulos da Bíblia sagrada. Ela é conhecida como a ‘Cidade do Grande Rei’. E seu nome quer dizer ‘Cidade da Paz’. Ao saber que a cidade santa estava nessas condições, Neemias desmorona (1:4).
Muitas vezes o reino de Deus desmorona dentro de nós. Isso acontece quando deixamos de ser servos e nos afastamos da autoridade do rei e passamos a servir outros senhores. Então tudo aquilo que foi edificado até ali vem abaixo. E veja, que no caso de Neemias, não foi Deus quem deu a ordem para reconstruir, mas sim seu servo que, ao ver em que situação se encontrava a cidade santa foi movido até lá.
Somos nós quem sempre devemos ir até Deus. Ele não nos obrigará a nada como bem mostra emApocalipse 3:20. Cabe aos seus servos fazerem o caminho de volta até o pai e reconstruir a relação. “Chegai-vos a Deus, e ele se achegará a voz...” diz Tiago 4:8. Em II Crônicas 15:2 está escrito “O Senhor está convosco, quando vós estais com ele. Se o buscardes, o achareis, porém, se o deixardes, ele vos deixará”. Eu tenho que querer a Deus. Ele não precisa de mim. Eu preciso dele para tudo, inclusive para permanecer vivo.
O primeiro símbolo da queda são os muros derrubados.
Para quem servem os muros? Sua função principal é cercar e proteger. Manter o perigo distante. E também definir limites. Quais são os muros na vida de um servo de Deus?
Salmo 34:7 “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra”.
Salmo 125:2 “Como estão os montes à roda de Jerusalém, assim o Senhor está em volta do seu povo”.
Zacarias 2:5 “Pois eu, diz o Senhor, serei para ela um muro de fogo em redor (...)”.
Quando Deus reina em minha vida, eu tenho essa proteção que, ao mesmo tempo em que me guarda do mal, me mantém longe do que desagrada a ele, porque seu temor está em mim. Se eu perco o temor de Deus, ou seja, passo a proceder de forma que vai desagradá-lo e entristecê-lo, essa proteção vai se retirando mim e começo a ficar exposto aos ataques do inimigo. Se a salvação é algo incondicional, a proteção nesta vida é.
Isso aconteceu, por exemplo, com Davi. Ao perder o temor do Senhor, ainda que por pouco tempo, ele abriu uma brecha espiritual em sua vida. E foi punido. Depois se reconciliou, foi dado por Deus como exemplo para todos, morreu, irá aos céus, mas teve que, em vida colher todos os frutos que semeou. Assim é a justiça de Deus. Por outro lado temos o exemplo contrário em Daniel 6:22. Um servo temente sempre pode contar com proteção.
Quando deixo de temer a Deus, derrubo os muros que me protegem com minhas próprias mãos.
Uma vez os muros derrubados, o inimigo chega às portas. Às nossas portas de entrada. Nossos sentidos. Ele se sente à vontade para se aproximar de nossos olhos, ouvidos, narizes... Perdi minha aura de santidade, o pecado, que antes tinha cuidado em como chegar a mim, agora se sente mais confiante. O texto diz que as portas são queimadas, e não derrubadas. Quando havia um muro, ainda havia uma distância segura. A ação do inimigo não era tão poderosa. Uma vez um muro caído, ele se fortalece. O muro foi erguido por Deus e rejeitado por mim. Não pode ser queimado, só derrubado. As portas são de minha responsabilidade. Por isso são mais frágeis e podem ser facilmente queimadas.
O pecado destrói minha relação com Deus e me deixa vulnerável. Ele queima minha visão para que não veja para onde minhas ações estão me levando. Queima minha audição para que não ouça a verdade. Queima minha mente para que eu não entenda. Não é a toa que o símbolo da condenação final é um lago de fogo, reservado para pessoas que levaram suas vidas destruindo seu relacionamento com Deus.
Quando andamos na presença de Deus, nosso muro, ainda que atacado, balança aqui e ali, pode até aparecer uma brecha menor causada por algum pecado que sempre cometemos em nossa fraqueza natural, mas nosso temor ao Senhor impede que ele caia. O anjo do Senhor age mediante meu temor.
O muro de pé, minhas defesas mais frágeis, meus sentidos, estão mais protegidos.
Todos os dias devemos nos observar e vermos se nosso temor a Deus é verdadeiro ou feito só de palavras. Da boca para fora. O anjo do Senhor não pode ser enganado.
Pessoas orgulhosas e arrogantes quase sempre são pessoas infelizes. E normalmente tornam infeliz quem está à sua volta. Nada funciona direito em suas vidas porque seu muro está caído. Falta-lhes humildade para temer a Deus (Provérbios 8:13). O anjo do Senhor não está lá. Não há muro de proteção à sua volta. Estão sempre vulneráveis a tudo.
Vivem mal humoradas procurando a quem arrastar para seu mundo de infelicidade, exatamente como Sambalate (Capítulo 4:1). Quando ele viu que Neemias temia a Deus e estava cuidando em reedificar o muro destilou todo o seu veneno e, como sempre ocorre, acabou contaminando outro fraco como ele: Tobias (4:3).
Quando viram que o muro não tinha mais brechas, ficaram com inveja. É normal de quem não teme a Deus verdadeiramente se irritar quando alguém consegue estar bem com o Senhor. Sambalate lembra muita gente hoje nas igrejas que, por não conseguirem reedificar seus muros, se voltam contra quem tem um muro bonito. Sabe como Neemias reagiu quando Sambalate tentou tirar sua concentração da Obra?
Nem deu bola (Neemias 6:2-3). Assim agem os sábios. Não dão muita bola pra esse tipo de barulho. No fundo Sambalate queria ter a atitude de Neemias, mas como não tinha temor de Deus em seu coração, não era capaz de construir um muro firme. E se o fizesse, mais cedo ou mais tarde viria abaixo. Temer a Deus é ser vencedor.
Pr Neto Curvina