Uma pequena análise bíblica sobre sinais sobrenaturais 22/08/2013
Sinais sobrenaturais são eventos que acontecem e que não obedecem a ordem natural das coisas. Sua principal característica é que não podem ser produzidos pelo homem. São gerados exclusivamente na esfera espiritual, quer seja no reino da luz ou no reino das trevas. Ou seja, sinais sobrenaturais só são produzidos por Deus ou pelo diabo. E esse é o risco. Alguns eventos são tão parecidos que acabam confundindo quem os presencia. Mas a Bíblia nos mostra a diferença.
- O fruto produzido pela árvore. Deuteronômio 13:1-5. O falso profeta tem como principal trunfo a falta de conhecimento que as pessoas tem de Deus. Ele se aproveita de coincidências e dos verdadeiros milagres de Deus para fazer sua especialidade: distorcer a Palavra em proveito próprio. O principal selo de um verdadeiro homem de Deus é o que ele prega, independente de qualquer sinal sobrenatural. Se observarmos a história de homens como Esdras e Neemias, veremos que nelas não há nenhuma narrativa de acontecimentos fantásticos, o que de forma alguma diminui a importância desses personagens na história do povo de Deus.
A primeira coisa que se deve observar em uma reunião de santos não é o que está acontecendo, o que estão cantando ou que estão vestindo, mas o que está sendo pregado. Deus deixa claro que o seu termômetro é o modo como sua Palavra é tratada. Ela está acima de qualquer sinal sobrenatural, como bem explica Jesus em Mateus 7:21-23.
- O tamanho do sinal não quer dizer nada. Apocalipse 13:11-14. Fazer cair fogo do céu é sinal capaz de desencaminhar boa parte da humanidade. O diabo sabe disso, assim como sabe que, para ele, obtendo a permissão de Deus, não é difícil produzir o evento. A humanidade se impressiona fácil com coisas inúteis. Aqui a regra é que nem tudo que é sobrenatural é de Deus. E isso inclui uma série de acontecimentos comuns em igrejas espalhadas pelo mundo que podem e devem ser analisados à luz das Escrituras.
Profecias. A regra é: toda profecia deve estar limitada ao texto bíblico. E é lícito fazer prova das revelações. Vejamos os exemplos: Juízes 6:36-40 e II Reis 2:8-14. Quando fazemos prova de um sinal sobrenatural não estamos necessariamente sendo incrédulos. Isso é o que os falsos profetas querem que pensemos, assim eles nunca serão questionados e poderão continuar lucrando com a nossa ignorância. Mas é exatamente o contrário. Se sentimos necessidade, assim como Gideão, de ter certeza de que é Deus quem está falando, estamos sendo, na verdade, precavidos, estamos querendo fazer as coisas direito para Deus. Jesus faz esse alerta em Mateus 7:15 (acautelai-vos dos falsos profetas) e Mateus 24:4 (acautela-vos, que ninguém vos engane).
Nenhuma profecia pode doutrinar fora das Escrituras. Deus não vai contradizer sua Palavra (Jeremias 1:12), nem alterá-la (Lucas 16:17). As revelações de Deus para seu povo são:
Eventuais: quando nos mostram coisas que acontecerão e para as quais devemos estar preparados ou prevenidos. São excepcionais e tem como resultado a edificação de seu povo. O aviso do dilúvio, o chamado de Abraão e o anúncio do nascimento de Jesus tanto no Antigo quanto no Novo Testamento se enquadram aqui. A Bíblia, porém, especialmente no Antigo Testamento, tem outros exemplos.
Especiais: hoje em dia existem igrejas que só sobrevivem à custa de sinais sobrenaturais. Se colocarem a Bíblia como centro do trabalho, ficarão vazias. Ou seja, estão banalizando a presença de Deus. Observe o caso em I Reis 11:9. Salomão reinou por quarenta anos (I Reis 11:42) e a Bíblia informa que Deus apareceu para ele somente duas vezes. E assim foi depois da outorga da Torá. As visões foram diminuindo e ficando restritas aos profetas e a casos excepcionais, como a jumenta da Balaão. E por que falamos excepcional? Porque são raros e quase nunca se repetem. Mais quantos animais falaram na Bíblia? Pois é.
Edificantes: Deus só se manifesta aos seus servos para que, de alguma forma, seu reino seja edificado e seu nome glorificado. E isso inclui as vezes em que exortou (Natã e Davi), repreendeu (Sara e os anjos), encerrou ministérios (Elias; Sacerdote Eli) e conformou (Paulo e o espinho na carne). Suas revelações não humilham, expõem nem envergonham seus servos. Elas colocam as coisas no lugar.
Três sinais ou práticas comuns que não encontram amparo Bíblico.
- Cair no Espírito. Precisamos analisar os seguintes eventos:
Ezequiel 3:23-24; Daniel 10:7-11; Apocalipse 1:17. Nos três casos, as perguntas que devem ser feitas são:
- a) Foi Deus quem derrubou Ezequiel, Daniel e João?
- b) Deus demonstrou interesse em vê-los caídos ou de pé?
- c) Deus preferiu falar com eles caídos ou de pé?
- d) O fato de terem caído demonstrou que estavam em transe ou fora de sua razão?
- e) Por que, então, caíram?
Na Bíblia inteira, não há uma passagem sequer que aponte para a prática conhecida como cair no Espírito, que é o evento em que as pessoas desmaiam no meio dos cultos e permanecem por um bom tempo deitadas no chão da igreja e, quando levantam, nada viram, nada ouviram, nada aconteceu. Levantam sujas, desarrumadas, em alguns casos as mulheres têm sua intimidade exposta. Houve edificação? Nem quem caiu, nem a igreja, nem quem está visitando sai edificado.
Arrebatar quer dizer tomar com força. E os arrebatamentos são tão raros e incomuns na Escritura que fica claro que não é algo que o Senhor lança mão com muita freqüência. Vejamos os textos:
II Coríntios 12:2-4; Apocalipse 1:10 e 4:1-2. Em todos os casos temos em comum o fato de que Deus, ao arrebatar, o fez para mostrar algo aos seus servos. Situação semelhante ao vale de ossos secos mostrado ao profeta Ezequiel. Logo, arrebatamentos têm sua função. Nunca são meros desmaios. Quedas sem sentido.
- Estado de êxtase.
É só procurar na Bíblia. Deus não tratou com nenhum de seus servos ou mesmo usou qualquer um deles estando os mesmos colocando-os fora de suas faculdades mentais. Decência e ordem são conceitos puramente racionais. Conhecimento, sabedoria e entendimento também. E todos são exigências divinas.
Os textos são inúmeros e não caberiam aqui. O estado chamado fora de si não agrada a Deus, ao contrário, temos casos em que a falta de noção da realidade trouxe prejuízos (Gênesis 19:14). Pessoas girando, caindo umas por cima das outras, rolando pelo chão no pleno decorrer do culto de adoração a Deus, e que depois argumentam que o fizeram porque estavam fora de controle são práticas contrárias à Palavra de Deus, como mostra Paulo em I Coríntios 14:26-32.
Neto Curvina